sexta-feira, julho 01, 2005

A vida num transporte público

Pois bem, após longos meses sem voltar a sequer tocar ao de leve nesta rúbrica - se assim lhe podemos chamar - que há tempos decidi incluir n'A Ribeirinha, decidi retomar a temática.

Capítulo III - Os motoristas

Nem só os passageiros são motivo de interesse num autocarro. Desde as rodas do veículo até às portas de trás, tudo pode ser comentado. Desta vez escolhi os motoristas. Ele há os velhos, os novos, os de meia idade, os gordos que mal cabem no lugar a eles destinado, os magros que são sacudidos a cada curva e que devem chegar a casa cheios de nódoas após uma jornada de trabalho, os altos, os baixos, os feios, os bonitos e... os "Motoristas dos Óculos Escuros e Auriculares" - serão estes objectos fabricados a partir das auriculas, aquelas partes dos corações? Estes são, sem dúvida, os mais interessantes. Costumo perguntar-me se estes motoristas se julgam agentes da "Ci Ai Ei" ou do "Éfe Bi Ai", para vestirem aquela indumentária. Estão a ver o tipo? O dito motorista saca do auricular que tem um microfone instalado e comunica com alguém do outro lado da linha. Algo assim:

- Daqui agente Mâldar, do carro 1542, linha 8. Estou a descer a R. 5 de Outubro. Vislumbro um indíviduo de aspecto estranho: bigode, óculos de cor verde garrafa - aliás, parecem ser fundos de garrafas -, boné na cabeça e camisa de cores vivas e garridas. Alta probabilidade de ser alguma espécie de extra-terrestre disfarçado. Aguardo instruções.

Alguém do outro lado da linha resolve retorquir:

- Daqui agente Scali, sede dos STCP. Fonseca, deve haver milhares de sujeitos com essa descrição na cidade do Porto. Desimpede-me mas é a linha que é para emergências e deixa-te dessas manias. Deixa os óculos em casa, homem.

Foi mais uma situação altamente constrangedora que sucede num autocarro. Mas apenas uma gota num oceano...

Nota: Já consegui fazer melhor que isto, não já?

Sem comentários: